Numa dessas saídas, ela e sua mãe estavam atravessando a rua enquanto ela comia um saquinho de pipocas. Nisso, um carro parou e um rapaz pediu um pouquinho de pipoca. Eles comeram a pipoca que ainda tinha no saquinho e assim ela conheceu P. P tinha seus 21 anos, estava começando a faculdade de Engenharia em outra cidade próxima dali.
Eles passaram a namorar, mas havia um pequeno problema entre eles. P era de uma família tradicional de fazendeiros. Os pais de M eram donos de uma banca de frios no mercadão municipal. Apesar disso, as diferenças paravam por ai, pois a família de ambos era bastante simples, e depois de algum tempo, aceitou o namoro dos dois.
O pai de M era alcóolatra, batia nas filhas e na esposa e levou mais tempo pra aceitar o namoro. Para ele, o 'filhinho de papai' só queria se aproveitar da sua filha, e eles tiveram muito trabalho para convence-lo do contrário. Mas ele terminou por aceitar, sempre com um pé atrás.
Quase um ano depois, o casalzinho então deixou de namorar apenas em casa, na presença dos pais, e com o conhecimento da mãe de M, conseguiam dar suas escapolidas. E foi então, que aos 16 anos, M ficou grávida. Para a família de P seria um choque, imagine, uma menina tão nova já grávida! Ela só poderia estar querendo dar o golpe da barriga, claro! E o que diria o pai de M?
P tinha contado apenas para sua irmã e o esposo dela. E os dois homens, decidiram então que o melhor seria um aborto. Pensaram em levar M para a cidade onde P fazia faculdade, e lá então fariam o serviço. Mas a irmã de P não permitiu, "onde já se viu tamanha barbaridade?", dizia ela. "A criança não tem culpa!"...
Foi então que P contou para sua família, e disse que queria se casar com M. A família apoiou, já que não se poderia fazer mais nada (uma família totalmente matriarcal, devota de Nossa Senhora Aparecida, jamais ponderaria a idéia de aborto). Agora o problema era contar para o pai de M.
P e M foram juntos dar a notícia. E a reação foi a pior possível. O pai de M gritava, berrava aos quatro ventos "PIRANHA! VAGABUNDA! SOME DAQUI! EU VOU COLOCAR VOCÊ NA ZONA, QUE É LUGAR PRA NASCER FILHO DE RAMPEIRA!"... Entre outras coisas. M ficou apavorada, mas P disse então que se casaria com ela, com ou sem a benção do sogro. O pai de M ainda ameaçou bater nela, mas a mãe de M e P não permitiram.
Por semanas, o pai de M continuou a xingá-la e maltrata-la. Descontava na esposa e na outra filha. Enquanto isso, os preparativos para o casamento foram sendo realizados na familia de P. A família de M nunca poderia arcar com uma festa de casamento, e isso nem foi cogitado. Os pais de P foram até a casa de M para conversar com os pais dela, e acertaram tudo para o casamento.
Aos 6 meses de gravidez, com 16 anos, M casou-se com P, seu príncipe encantado que dizia que depois de casados, ela jamais lavaria um só garfo. Ela seria sua rainha, e cuidariam do seu bebê juntos. M iria morar com P na cidade onde ele fazia faculdade, afinal ele estava no segundo ano ainda. Ficaram na cidade por aproximadamente 2 meses e então M voltou para a cidade onde moravam suas famílias, pois estava na hora do bebê nascer.
O grande dia chegou, e na maternidade estavam todos os familiares. A mãe de M, muito simples e cheia de crendices, dizia para a própria filha de 16 anos, já não assustada o suficiente: "mas por que cesariana? E se o bebê não estiver pronto ainda? E se faltar algum dedinho? É melhor esperar a hora". Os pais de P estavam nervosos, ansiosos e a mãe de P tentava acalmar a situação. O pai de M estava lá também, carrancudo, nervoso, sem conversa com ninguém...
E então, às 10 da manhã, M e P passaram a ser Mãe e Pai, e eu nasci. Ao chegar no berçário, todos estavam prostrados no vidro, Pai chorava e sua mãe também. Sua sogra estava aos prantos, assim como o pai de Mãe, que, soluçando, repetia: "meu Deus, que coisa mais linda, nem parece que saiu da Mãe, que coisa mais linda meu Deus"... Depois de ter visto o neto pela primeira vez, ele então pediu perdão para a filha, por tudo o que havia dito e dizendo que amava tanto ela e seu neto.
E isso aconteceu há 28 anos atrás... Com certeza existem muitos detalhes dessa história que eu não sei, ou que já esqueci, mas é isso aí que é o que importa. Nada melhor do que o começo de tudo pra começar a revirar meu baú de memórias, e nada melhor do que fazer isso hoje...
ow
ResponderExcluirq lindo meu deus
Ahhhh, que fofo!
ResponderExcluirE assim surgia essa criatura do mal (vc, claro!).
Hahahahaha
Te amo, amigo!
Bom meu caro,
ResponderExcluirSempre é tempo de recomeçar.
Mas lembro o seu perfil, te digo... os príncipes talvez não existam, mas nós não precisamos de príncipes... precisamos de um grande amor... eu já encontrei o meu...
Ta abraço. Ah e gostei de seu blog...
Custou mas li tudo!!! Hehehehe!!! Delícia de historinha, menino!!! Mas como assim "suspende a cerveja"?!?!!?!?
ResponderExcluirPelamordedeus é meu primeiro toco via comment de blog. Morri!!! Hahahahahahaha!!!!!
Hugzzzzzzzzzzz!!!!!
Linda história pinguim ^^
ResponderExcluiramigo, manda um e-mail pra eu poder te cadastrar no meu blog.
ResponderExcluirflesh_eyes@hotmail.com
thanks!
O que M e P não sabiam era que, ao invés de um menino, eles deram a luz a uma diva...
ResponderExcluirParabéns queridom! Linda história! :-* E me atualizei no seu blog. Ansiando por outros momentos do baú!