sábado, 2 de maio de 2009

045 - Era uma vez...

Era uma vez, numa pequena cidade do interior, uma menina muito bonita chamada M. Ela tinha 15 anos, estudava e nos finais de semana, saia com sua irmã e primas, sempre acompanhada pela sua mãe, para irem ao cinema. 

Numa dessas saídas, ela e sua mãe estavam atravessando a rua enquanto ela comia um saquinho de pipocas. Nisso, um carro parou e um rapaz pediu um pouquinho de pipoca. Eles comeram a pipoca que ainda tinha no saquinho e assim ela conheceu P. P tinha seus 21 anos, estava começando a faculdade de Engenharia em outra cidade próxima dali. 

Eles passaram a namorar, mas havia um pequeno problema entre eles. P era de uma família tradicional de fazendeiros. Os pais de M eram donos de uma banca de frios no mercadão municipal. Apesar disso, as diferenças paravam por ai, pois a família de ambos era bastante simples, e depois de algum tempo, aceitou o namoro dos dois.

O pai de M era alcóolatra, batia nas filhas e na esposa e levou mais tempo pra aceitar o namoro. Para ele, o 'filhinho de papai' só queria se aproveitar da sua filha, e eles tiveram muito trabalho para convence-lo do contrário. Mas ele terminou por aceitar, sempre com um pé atrás.

Quase um ano depois, o casalzinho então deixou de namorar apenas em casa, na presença dos pais, e com o conhecimento da mãe de M, conseguiam dar suas escapolidas. E foi então, que aos 16 anos, M ficou grávida. Para a família de P seria um choque, imagine, uma menina tão nova já grávida! Ela só poderia estar querendo dar o golpe da barriga, claro! E o que diria o pai de M?

P tinha contado apenas para sua irmã e o esposo dela. E os dois homens, decidiram então que o melhor seria um aborto. Pensaram em levar M para a cidade onde P fazia faculdade, e lá então fariam o serviço. Mas a irmã de P não permitiu, "onde já se viu tamanha barbaridade?", dizia ela. "A criança não tem culpa!"...

Foi então que P contou para sua família, e disse que queria se casar com M. A família apoiou, já que não se poderia fazer mais nada (uma família totalmente matriarcal, devota de Nossa Senhora Aparecida, jamais ponderaria a idéia de aborto). Agora o problema era contar para o pai de M.

P e M foram juntos dar a notícia. E a reação foi a pior possível. O pai de M gritava, berrava aos quatro ventos "PIRANHA! VAGABUNDA! SOME DAQUI! EU VOU COLOCAR VOCÊ NA ZONA, QUE É LUGAR PRA NASCER FILHO DE RAMPEIRA!"... Entre outras coisas. M ficou apavorada, mas P disse então que se casaria com ela, com ou sem a benção do sogro. O pai de M ainda ameaçou bater nela, mas a mãe de M e P não permitiram.

Por semanas, o pai de M continuou a xingá-la e maltrata-la. Descontava na esposa e na outra filha. Enquanto isso, os preparativos para o casamento foram sendo realizados na familia de P. A família de M nunca poderia arcar com uma festa de casamento, e isso nem foi cogitado. Os pais de P foram até a casa de M para conversar com os pais dela, e acertaram tudo para o casamento.

Aos 6 meses de gravidez, com 16 anos, M casou-se com P, seu príncipe encantado que dizia que depois de casados, ela jamais lavaria um só garfo. Ela seria sua rainha, e cuidariam do seu bebê juntos. M iria morar com P na cidade onde ele fazia faculdade, afinal ele estava no segundo ano ainda. Ficaram na cidade por aproximadamente 2 meses e então M voltou para a cidade onde moravam suas famílias, pois estava na hora do bebê nascer.

O grande dia chegou, e na maternidade estavam todos os familiares. A mãe de M, muito simples e cheia de crendices, dizia para a própria filha de 16 anos, já não assustada o suficiente: "mas por que cesariana? E se o bebê não estiver pronto ainda? E se faltar algum dedinho? É melhor esperar a hora". Os pais de P estavam nervosos, ansiosos e a mãe de P tentava acalmar a situação. O pai de M estava lá também, carrancudo, nervoso, sem conversa com ninguém... 

E então, às 10 da manhã, M e P passaram a ser Mãe e Pai, e eu nasci. Ao chegar no berçário, todos estavam prostrados no vidro, Pai chorava e sua mãe também. Sua sogra estava aos prantos, assim como o pai de Mãe, que, soluçando, repetia: "meu Deus, que coisa mais linda, nem parece que saiu da Mãe, que coisa mais linda meu Deus"... Depois de ter visto o neto pela primeira vez, ele então pediu perdão para a filha, por tudo o que havia dito e dizendo que amava tanto ela e seu neto.

E isso aconteceu há 28 anos atrás... Com certeza existem muitos detalhes dessa história que eu não sei, ou que já esqueci, mas é isso aí que é o que importa. Nada melhor do que o começo de tudo pra começar a revirar meu baú de memórias, e nada melhor do que fazer isso hoje...

7 comentários:

  1. Ahhhh, que fofo!
    E assim surgia essa criatura do mal (vc, claro!).
    Hahahahaha

    Te amo, amigo!

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  2. Bom meu caro,
    Sempre é tempo de recomeçar.
    Mas lembro o seu perfil, te digo... os príncipes talvez não existam, mas nós não precisamos de príncipes... precisamos de um grande amor... eu já encontrei o meu...
    Ta abraço. Ah e gostei de seu blog...

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  3. Custou mas li tudo!!! Hehehehe!!! Delícia de historinha, menino!!! Mas como assim "suspende a cerveja"?!?!!?!?
    Pelamordedeus é meu primeiro toco via comment de blog. Morri!!! Hahahahahahaha!!!!!
    Hugzzzzzzzzzzz!!!!!

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  4. Linda história pinguim ^^

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  5. amigo, manda um e-mail pra eu poder te cadastrar no meu blog.

    flesh_eyes@hotmail.com

    thanks!

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  6. O que M e P não sabiam era que, ao invés de um menino, eles deram a luz a uma diva...

    Parabéns queridom! Linda história! :-* E me atualizei no seu blog. Ansiando por outros momentos do baú!

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Thanks for sharing...